terça-feira, 20 de abril de 2010

As organizações têm Pessoas ou são as Pessoas?


Breve perspectiva da evolução da “espécie humana nas organizações” 

Desde há muito que se fala neste paradigma em particular, ou seja, até que ponto ou até quando é que as pessoas nas organizações vão continuar a ser recursos e não o contrário?
Parafraseando Peter Senge *, considerado por muitos o anti RH, refere que as organizações não têm recursos humanos, pois estes são a própria organização.
Se olharmos para a história, observamos que as empresas evoluíram de uma perspectiva taylorista e industrializada baseada na óptica do lucro e da racionalização do trabalho para uma perspectiva mais humanista e democrática desde as escolas das relações humanas de Elton Mayo no princípios do Sec. XX, tendo o elemento humano ganho desde então não só direitos no âmbito do trabalho, mas também sociais e na sua intelectualidade que tem vindo a ser valorizada e aproveitada em prol da estratégia competitiva de algumas Empresas.
Tendo em conta todas as mudanças sócio económicas contemporâneas e restritivas que as empresas têm vindo a atravessar, estas são compelidas a olhar novamente para o passado e paradoxalmente pôr em causa a valorização e o investimento nos seus activos humanos enquanto mais valia competitiva e potenciadora do negócio. Por isso assistimos a despedimentos em massa, deslocalização da mão de obra para países de leste, perda de direitos adquiridos ao longo de anos, etc. Na minha óptica pessoal, não estamos senão numa fase reactiva de transição e de ajuste face ao contexto e ás contingências dos novos tempos.
Perante uma nova realidade social e global que contempla o aumento da esperança média de vida e diminuição drástica da taxa de natalidade, o paradigma dos RH de que falávamos à pouco ganha agora novo fôlego e uma nova dimensão. Se vivemos mais tempo e nos rejuvenescemos cada vez menos, tornamo-nos mais valiosos. Penso que é um facto indiscutível e incontornável. Iremos aprender cada vez mais, logo seremos mais competentes e mais indispensáveis nas organizações.
De alguma forma, conscientemente ou não, já começamos a empreender essa tarefa na preparação dos nossos descendentes apostando na educação destes. Por isso o grau de instrução da geração dos anos 70 e 80 é mais elevado que a geração anterior e por sua vez a dos anos 90 e actual irá ter um nível de conhecimentos superior comparativamente.
Se durante anos as pessoas foram consideradas Recursos das Organizações, de futuro as Organizações serão recursos das pessoas, pois irão necessitar mais do que nunca da sua vasta experiência, conhecimento, capacidade de decisão e maturidade no planeamento estratégico das organizações. A grande aposta será na geração de 70 em diante.
Perspectiva-se globalmente que as pessoas farão cada vez mais parte da estratégia competitiva das Empresas e como tal deixarão de ser mero RH´s para se tornarem activos importantes. As Empresas/Organizações que não observem esta tendência e não apostem nos seus actuais RH, verão mais tarde ou mais cedo o seu capital humano ir embora para onde os valorizarem mais ficando desprovidas de um manancial criativo pondo em causa a sua própria subsistência. (In http://www.psicologia.com.pt)

  
Por José Guerra: jmbguerra@gmail.com
Licenciado em Psicologia com especialização nas Organizações e no Trabalho. Consultor em Desenvolvimento Pessoal e Organizacional. Formador nas Áreas Comportamentais em regime presencial e à distância. Colaborador de várias empresas em diversos projectos, nomeadamente ao nível PME, InPME e no desenvolvimento de cursos para formato e-learning.

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